quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sabe qual é a verdade?
A verdade é que estou criando coragem de pedir a Deus para te esquecer.
Quero isso mas ao mesmo tempo não quero e sinto que não posso.
Não sinto que é como desistir de um desejo, sinto que é como desistir de toda uma vida.
Desistir de toda uma história que não lembramos, mas está aí marcada nos ares soltando pedaços sutis de lembranças em formas de sensações dentro do meu peito.
Me sinto envergonhada comigo mesma, perdida em ilusões, perdida em momentos que podem nunca terem acontecido, me sinto com sonhos impossíveis, perdida em infinitas possibilidades.
Me pergunto o que será que te fiz? Ou o quanto será que te magoei para você não guardar nada de mim? Me pergunto o porque me sentir assim? Me pergunto se sempre foi assim entre nós. Pode nunca ter acontecido nada e algo em mim ser tão forte para me levar até você e querer tentar uma vez mais.
Não tenho respostas, estão no passado...
Não tenho explicações, então em outro plano...
Enquanto isso eu vou levando, me acostumando mais uma vez com sentir e não poder viver.

A verdade é que estou criando coragem de pedir aos céus para te esquecer, mas com medo de ser atendida e depois descobrir que eu desisti quando eu estava quase alcançando.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

só queria poder colocar para fora o que sinto
não tem palavras que definam e muito menos explicação que se esclareça

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

...as vezes apenas esperar já é uma forma de lutar por alguém e uma forma de não desistir...

domingo, 24 de novembro de 2013

....sou aquela que no mesmo instante que acorda passa um momento na cama com o ouvido atento para saber se os pássaros estão cantando ou em silêncio...

sábado, 23 de novembro de 2013

talvez tudo que aconteceu e o que vem acontecendo tenha realmente um propósito
talvez grandes conquistas não possam mesmo chegar sem lágrimas, sem dor, sem superação
talvez um dia eu me sente no pico de alguma montanha e perceba o quanto precisei deste processo
eu só queria poder ultrapassar tudo isso sem perder a fé, sem perder a paciência e a paz
já me sinto no meu limite e porém novos acontecimentos sempre me mostram que preciso ir além dele para não explodir
como se consegue ir além do limite sucessivas vezes? estou conseguindo essa proeza a anos
meu maior desafio não é superar tudo é superar tudo sem sentir raiva, inquietação profunda e esse descontrole constante na alma
talvez esse seja meu maior desafio, conseguir não perder a serenidade ou no meu caso tentar recuperá-la

preciso de força e paz para conseguir atravessar esses tempos difíceis
preciso de recompensas ou pagar de vez alguma dívida se esse for o caso
preciso que tudo comece a melhorar e com extrema urgência 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A dois dias eles conversaram a madrugada inteira.
Foram em um passado não muito distante amantes, cúmplices, apaixonados.
Ele a magoou. Ela passou um tempinho para esquecê-lo e deixou de lhe dirigir a palavra. Dois estranhos em um mesmo ambiente. Enquanto ele tentava lhe chamar atenção novamente, se perguntava a todo instante como faria para tentar se reaproximar, ela o olhava quando ele não via e sentia-se mal por ter sido tão inocente, perguntava-se se ele nunca iria lhe pedir perdão.
Já não esperava mais uma aproximação, nem o pedido de desculpas, nem a D.R. que deveria ter acontecido depois daquela briga com grosserias trocadas de ambos os lados, principalmente do dele. Sentia o olhar dele para ela de vez em quando, sequer levantava a cabeça ou olhava em sua direção quando isso acontecia.
Depois de muito tempo nesta situação acostumou-se com o cara invisível, mas que era mais visível do que nunca. O sentimento havia acabado. Quando menos esperou, recebe dele uma mensagem, o pedido de desculpas e uma explicação do quanto se sentia mal por vê-la e sequer poder lhe dar um oi, uma explicação do quanto tentou lhe dizer tudo aquilo pessoalmente mas não encontrou espaço. Ela releu a mensagem várias vezes até acreditar que lia tal palavras. Conversaram. Ele lhe disse o quando ainda gostava dela e deixou claro que faria de tudo que pudesse para reconquistá-la.
Conversavam noites inteiras sem interrupções, perdiam a hora juntos. Amanhecia.
Ele era um sonho, lembrou do quanto a fez feliz nos momentos em que estavam juntos. Mas por pequenas razões eles se estranhavam, ele a estranhava e brigavam pelos motivos mais bobos que poderiam existir. Ela pedir para ele não mais desmarcar um encontro depois dela arrumada, foi motivo para um discussão, ele fez uma confusão a chamando de incompreensiva e tentando fazer ela se sentir mal. Ela não engoliu essa. Primeiro sinal de alerta. Homem que ao invés de pedir desculpas ainda se faz de vítima era o que ela menos queria no momento. Ela conhecia bem o que esse tipo costumava fazer com mulheres trouxas.
Ele parecia querer uma mulher perfeita, que lhe servisse e fizesse todas as suas vontades e ela não era. Ele perecia não aceitar ser contrariado. Ela não era nada perfeita, nunca foi santinha, bebia, se divertia da maneira que bem entendesse, não aceitava servir ninguém e muito menos ver o cara usando seu sentimento para tentar lhe moldar. Já tinha passado por isso no passado. Era um trauma carregado de um relacionamento difícil. Jurou que nunca mais passaria por isso.
Naquele dia em que tudo acontece, combinaram de se encontrar mais cedo na academia para ficarem mais um pouco juntos. Horas depois ele terminou lhe dizendo que ela não lhe servia por sentir ciúmes de uma amiga dele.
Ele não apareceu e depois ela o encontrou conversando carinhosamente com uma garota que ela nem fazia quem ideia de quem fosse. Reclamou. Nem escândalo fez, não era coisa dela. Esperou chegarem em casa e apenas reclamou da atitude dele.
-Você não tem o direito de sentir ciúmes dela. Rafaela é minha melhor amiga.
-Tenho sim, você pede para eu chegar mais cedo, fico te esperando lá e você não aparece, quando vejo está conversando com uma garota que eu não sei nem quem é.
-É minha melhor amiga. Repetiu isso uma vez mais e já irritado.
-Pois me diga quem ela é, eu tenho direito pois não sabia quem era aquela garota. Nunca sequer você falou dela.
-Você não é bem o pensei que fosse. Deixei de te amar agora por causa desse ciúmes bobo. Está terminado.
Ela ficou passada com a declaração. Percebeu que não era mentira. Tentou conversar com ele, convencê-lo que ela sentir ciúmes não era motivo para sentimentos acabarem. Não cedeu na sua opinião, o ciúmes não foi a toa, mas tentou reatar o relacionamento. Gostava dele. Em vão.
-Acabou, meu amor acabou. Não te amo mais. Não tem o direito de sentir ciúmes de mim.
Tudo bem, se é assim que ele queria. O motivo tinha sido extremamente banal para um amor acabar. Que amor é esse?  Como assim deixar de amar por uma única cena de ciúmes? Se perguntava. Depois disso ainda tiveram mais uma discussão banal, o que levou ela a deixar de falar com ele. Criou-se a mágoa, a raiva, a distancia, a tentativa de esquecer. E esqueceu.
Então veio o pedido de desculpas pelo que havia feito e por todas as grosserias trocadas, veio a declaração que não havia conseguido esquecê-la, veio a declaração que faria de tudo para reconquistá-la.
Ela restaurou a amizade. Ele realmente gosta dela de verdade. Estava dando seu máximo. Ontem os dois conversaram quase a madrugada inteira, chegaram a discutir novamente algo banal. Ela relembrou de tudo. Enquanto ele tenta reaver o namoro, ela pensa a todo instante que não vale a pena correr o risco de tentar se entregar novamente e quebrar a cara mais uma vez. Não quer encarar a corda bamba.

Não posso ficar com um cara que por qualquer motivo banal poderá me dispensar uma vez mais.
Precisava principalmente de segurança. Havia perdido completamente. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Só acho que eu deveria parar de sonhar com alguém que não está ao meu lado quando acordo, sonhar sem sentido, sem razão e sem poder entender. Sem conseguir me aproximar de verdade. Sem conseguir reviver, sem conseguir chamar atenção. Só acho que os sonhos deveriam parar. Os que sonho quando durmo e os que continuo sonhando quando acordo. Porque é impossível sonhar com um mesmo alguém durante 5 meses, sim 5 meses, já faz tudo isso e simplesmente não sentir nada quando acordar. 
Só acho sabe?
Só acho que uma vez na vida alguém lá em cima poderia ser legal comigo e não deixar eu me sentir dessa maneira de novo e de novo. E pelo menos uma vez, uma única vez, me colocar no lado fácil da história.
É isto que estou sentindo exatamente agora que vai fazer eu me esquecer de você e impossibilitar totalmente uma reaproximação caso você tente isso no futuro.
Havia um abismo entre nós, mas eu me esforcei para criar uma ponte.
Eu o admirava de um forma especial, tinha algo de bom e sentia que faria a minha vida ter um pouco mais de sentido.
Sonhei com o muito, com o tudo de você. Sonhei em acompanhá-lo todos os dias, mesmo quando a distância física fosse grande. Sonhei que me olhasse com amor, deitar em seu colo enquanto lia um livro, assistir um filme ao seu lado, caminhar de mãos dadas na beira da praia, namorar no sofá, na mesa, no chão, na cama. Sonhava em te fazer um petisco e levar uma cerveja para não perder o lance do futebol, ouvir seus gritos de empolgação na vitória ou ser o seu consolo na derrota do seu time. Sonhei beijá-lo em um saguão de aeroporto, ouvir o rodar das chaves na porta principal, sentir o cair do seu corpo no meu durante o sono, tomar banho juntos, ser sua melhor companheira de viagens, poder realizar seus sonhos, poder fazer planos contigo. Já sonhei tantos momentos, não me custava sonhar, sonhar me fazia sentir bem, sorrir involuntariamente. Eram só sonhos. Nos meus sonhos viajava em ilusões, mesmo impossíveis faziam-me completa por alguns instantes.
Mas esperava o mínimo, esperava pelo menos conhecê-lo, ver seu sorriso e olhar de perto, um abraço singelo no saguão do aeroporto, caminhar na beira da praia lado a lado conversando, esperava que se abrisse para mim, confiasse em mim e fosse meu amigo.
Me esforcei para criar uma ponte, criar laços, ser algo teu, me esforcei para ser sua amiga. Mas não consigo. Tento me aproximar, estás ocupado demais sempre. 
Fico triste, ainda há um abismo entre nós e eu consigo vê-lo ao longe, ocupado, distraído e inalcançável mesmo para o mínimo, mesmo para o que eu apenas esperava.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

No apartamento ela tentava se concentrar para estudar. O barulho do bar no térreo não permitia que o fizesse, estava lotado. Pessoas animadas estavam ali para relaxar um pouco depois do trabalho, riam, gargalhavam, falavam alto. Mesmo não conseguindo concentração para estudar ela não se irritava, era sexta feira todos mereciam. Na verdade ela sabia o verdadeiro motivo de sua pequena aflição, o barulho era o de menos para tirar sua concentração. Se perguntava a todo instante se fazia a coisa certa ao lado do namorado. “Estamos felizes? Estou feliz? É isso que quero pra mim? O amo de verdade ou estou com medo de enfrentar a solidão? Estou me enganando? Ele um dia pensará em casar comigo?”
Nenhuma questão respondida. Havia feito 30 anos 3 dias antes, estava longe da família e amigos, sozinha numa cidade estranha e num apartamento minúsculo. Apesar disso sentiu-se satisfeita por não passar seu aniversário se sentido a maior encalhada que existe, pelo menos estava namorando. Respirou quase aliviada. Quase porque todas as questões costumeiras que de vez em quando lhe invadiam, desde o início do namoro, vieram ainda mais a tona em sua cabeça. Dizia pra ela mesma: “Olha lá você, 30 anos, teu tempo tá passando, não vai perdê-lo com um cara que não tem planos contigo e depois que não der em nada a encalhada será você. Ele é homem, sempre tem uma mulher para um homem. Ele pode até ficar velho, careca, feio e barrigudo. Sempre tem uma que quer.”.
Levantou-se foi à janela, gostava de pensar olhando o céu, a rua, as pessoas. Distraiu-se nas pessoas, ficou olhando-as, analisando-as na verdade. Gostava de fazer isso. Imaginava o que se passava na cabeça delas, como se sentiam. Analisava expressões de alegria, tristeza, desdém, gostava de tentar descobrir quem estava feliz de verdade por estar ali ou quem estava só preenchendo um vazio. Alguns lhe chamaram maior atenção. Percebia um casal se paquerando em mesas diferentes. Percebeu as amigas que olhavam para bunda do garçom cada vez que o mesmo passava por sua mesa. Um casal de idoso jantando juntos, ele tomando uma cervejinha e ela um refrigerante, conversavam, trocaram carinhos singelos, sorriam. “Será que vou achar?”. Perguntou-se. Percebeu um grupo de homens em outra mesa, passaram a gritar e fazer gestos fortes, falavam sobre futebol. “Claro isso causa esse efeito nos homens”. Um homem bebendo só. Outra garota que parecia que estava ali só porque o namorado queria, não estava curtindo muito aquele happy hour, olhava para o relógio e não fazia uma cara muito simpática para o resto da mesa. Talvez ela precisasse de um pouco mais de amor e atenção. Ou talvez ela que fosse uma completa chata que só sabia criticar o namorado a todo instante e ele estava ali fugindo de mais uma discussão que provavelmente teriam se ficassem a sós. Eles nem deveriam estar juntos, mas o medo da solidão às vezes faz a gente ficar com qualquer pessoa que agita um pouquinho nosso íntimo ou com alguém que já nos acostumamos. Mais uma vez as questões voltaram a sua mente. "Estou fazendo isso comigo também?". Os gritos de uma mesa a fizeram voltar à atenção nas pessoas. Um grupo de amigos e amigas, todos riam e se divertiam sem problemas, analisou as pessoas da mesa e pareciam todas satisfeitas em estarem ali. No fundo queria ter companhia para descer no bar e relaxar um pouco. Se fosse escolher uma mesa seria aquela. Quis ser amiga daquelas pessoas.
O resto da noite foi passando, enquanto ela tentava se distrair no apartamento minúsculo. Foi na esquina do outro lado do quarteirão e comprou dois cachorros quentes para comer. Dividiu seu tempo entre comer e ir à janela analisar aquelas pessoas, tomar banho e ir à janela, estudar um pouco e ir à janela, fazer um café e tornar a janela.
Nesse meio tempo o barulho foi abaixando, o fragor das conversas foi diminuindo. O casal de idosos já tinham ido embora, a namorada de cara feia também, nem a mulher e nem homem que se paqueravam em mesas diferentes estavam mais lá." Será que se conheceram e foram embora juntos?". As mulheres que olhavam a bunda do garçom ainda estavam, porém mais concentradas em outras coisas. Os homens que gritavam pelo futebol estavam mais quietos também e conversavam mais concentrados. Política pensou. O homem bêbado agora dança sozinho cambaleando perto da mesa e um cigarro suspenso no canto da boca. Os amigos permaneciam lá, agora bem menos eufóricos, porém felizes e satisfeitos ainda. Sorriam, se olhavam, tinham conversas paralelas. Tentou não olha-los mais diretamente, passou a ser mais discretas com eles, embora fossem a melhor versão do grupo de pessoas da noite. Nas suas sucessivas idas e vindas à janela eles haviam percebido sua presença. Ficou se perguntando o que estariam pensando dela: uma pessoa solitária em plena sexta feira olhando a vida por uma janela ao invés de curtir e ser feliz.
Cada ida e volta à janela alguém mais sai de cena.  As mulheres agora foram embora, os próximos os homens a decidir a conta. O bar foi ficando vazio. A mesa de amigos diminuiu e a maioria já haviam ido embora, agora os que restaram se encontravam de pé para apressar o garçom com o troco. Era madrugada já, se preparava para ir dormir, na vista da janela, nada mais de interessante, a rua estava vazia, os jovens no estacionamento do supermercado em frente à quadra, no bar os garçons iam guardando mesas e cadeiras, o homem bêbado solitário ainda estava lá agora quase caindo sobre a mesa, mas persistindo na bebida.
O cara que faria toda diferença na vida dela estava naquele bar e naquela mesa de amigos animada. Cruzaram olhares rápidos, hora desviados por ela, hora por ele. Eles se viram, não se reconheceram absortos em seus relacionamentos atuais. Ele tentando distrair do fim do namoro, tinha ido a Capital Federal encontrar um amigo só para ocupar o tempo e se divertir um pouco e ela tentando entender porque continuava namorando.
Deitou-se e logo dormiu. O cara e o amigo chegavam em casa, e enquanto o amigo preparava o local que ele dormiria, riam um pouco mais e colocavam a conversa mais pessoal em dia. Ele também deitou-se mas demorou um pouco mais para dormir, entre as lembranças do recente fim de namoro ficou se perguntando o que pensava a mulher da janela. Por fim, adormeceu também.
Ambos nem imaginam que talvez se tivessem sido rápidos em soltar um sorriso antes do outro desviar o olhar as coisas poderiam ser diferentes.
Aquele namoro dela acabou no início do ano posterior, ela já se envolveu com outros caras, novas paixões, nada deu certo até agora. Ele namorou outra garota, gostou dessa garota de verdade, mas também não funcionou. Estão perdidos, mas ela entrou numa fase de se preservar no amor um pouco mais, ele continua por aí se envolvendo com histórias que não irão dar em nada.
Eles se reencontraram, mas nenhum dos dois lembra da noite no bar. Ela o quer e ele ocupado demais ignora suas  tentativas de aproximação. Será que aquele momento, aquele dia no bar tinha sido a única chance deles? As vezes fico triste por eles, fico mais triste por ela. Eles se completariam, seriam felizes juntos, mas ele não sabe.
Os céus sabem como eu te quis.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem."

=/

domingo, 10 de novembro de 2013


...enquanto ele dorme eu sonho...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Hoje eu comecei uma oração, mas não a terminei por completo. Minha irmã entrou em nosso quarto, avisou-me que iria ler um pouco e depois dormir. Apesar dela saber todos os meus atuais pensamentos preferi silenciar. Oração se faz só, eu precisava de intimidade e ela acabou no momento em que minha irmã bateu à porta.
Estava tentando falar diferente com Deus, queria lhe pedir algo especial, mas explicar o real sentido do meu pedido. Se ele inventar de realizar mesmo não vai poder dizer depois que era exatamente isso que meu coração queria, meu o real desejo que é outro. Minha razão pede algo que minha alma e meu coração dizem a todo instante que não querem, apenas compreendem o meu pedido, mas não o querem. Alma e coração se entendem e parecem não sentir medo do tempo, tempo este que se meu pedido realizar será ainda mais longo. Eu não quero meu pedido, eu quero outra coisa, mas meu pedido parece ser o mais sensato para o momento.
Me perguntei se ele estaria lá, faz tanto tempo que parece não me ouvir. Silêncios. Me pergunto se ele tem mesmo um plano. Silêncios machucam, e mais ainda em mim. Sou dessas que prefiro pancadas ao desprezo. Prefiro o sangrar ao nada sentir. Enfim, se ele não estivesse ao meu lado alguém poderia estar, dizem que os céus se aproximam quando a gente chama. Acho que por isso queria explicar, medo dele não estar lá e se alguém fosse dizer a ele o que eu queria, tinha que saber explicar também. De nada sei, estou apenas divagando em ilusões. No momento em que comecei minha oração haviam dois pedidos pulsando em meu ser, um de âmbito racional e outro emocional.
A algum tempo venho sentindo que a vida pede um pouco mais de mim. Sinto como se existisse um rio dentro de mim, meu corpo é apenas o leito. Águas passam. E agora elas correm com a força de uma correnteza veloz que tem capacidade de modificar o leito por onde percorrem. E isso está acontecendo, sou outra. A mudança não me incomoda, o que me incomoda é que essas águas parecem seguir um curso em círculos, caminhos aleatórios dentro de mim mesma. Não tem um único sentido. Nada corre para um mar. Não sei de quase nada, não entendo, estou perdida, estou confusa, estou com medo, mas de uma coisa sei, existe algo mais.
É como se tivéssemos um outro passado, outro presente e outro futuro fora do relógio atual que fomos acostumados a seguir. Um tempo marcado de forma diferente. Longo, mas apagado da memória dos que aqui voltam. Me sinto como se, em alguma ocasião, eu estive no roteiro de "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" no momento em que Joel Barish começa a se arrepender da escolha de apagar lembranças e tenta desesperadamente preservar algo em sua memória para que daquele ponto ele possa ter um gancho e tentar recomeçar uma nova história com Clementine. É como se existe, em algum outro plano, aquela máquina do filme. E é como se eu tivesse preservado pequenos detalhes seus para que eu pudesse me apegar e conseguir segurar suas mãos uma vez mais aqui. Como se eu precisasse de você para caminhar segura e cumprir minha missão, mas aparentemente só eu fiz isso. E isso é triste.
Na minha mente o passado parece ser muito mais longo. O presente deixou de ser só o momento e passou a ser todo esse tempo em que aqui estou vivendo. E o futuro algo que será vivido fora dessa realidade. O estranho e incomum se instalaram nos meus dias e parecem não finalizar o seu papel. Me sinto incompleta e o que mas me assusta é saber que poderei continuar assim toda essa vida.
Nada parece renascer em você. Eu te admiro enquanto você dorme. E quando eu durmo você está em meus sonhos.
Hoje iria pedir a Deus para eu te esquecer, para essas sensações pararem, que essa minha busca por ti cesse. Minha razão pede isso em contraste com o que minha alma e coração necessitam. A única coisa que posso me segurar para acreditar que poderia acontecer da gente se conhecer, ocorrem apenas como pequenos instantes de certezas impossíveis que me invadem discretamente. Hora acho que conseguirei, hora recebo banhos de água fria. Isso é ruim. Essa procura sem reciprocidade me tem feito ficar mais angustiada. A angústia do não saber dói. Não deve ser assim.
Se preservei algo que não podia, talvez até desobedecendo a ordem natural dos acontecimentos, talvez seja preferível esquecer. Não é o que eu quero. Eu queria mesmo era que você lembrasse de mim como eu me lembro de você. Queria que você tivesse resgatado algo meu, mas aparentemente só eu fiz isso.
O que seria uma oração íntima acabou ficando exposto aqui ao extremo. Não sei porque, apenas escrevi, preciso colocar para fora, se Deus não estiver ao meu lado para escutar, talvez assim chegue lá. Escrevi para registrar aqui e ficar provado que minha alma e coração não querem te esquecer. Ainda que venha a acontecer.
Só queria me aproximar, poder entender, te conhecer, ter certeza que não é um mero estranho qualquer, criar laços. Queria o mínimo, mas nem isso estou conseguindo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

...quase...

Se me permitem, usando as palavras da irmã.

"Os ‘quase’ da vida (22.08.09)
Eu sempre fui uma pessoa de muitas esperanças. Acreditava no futuro, no amor, nas pessoas, em duendes, em mim mesma. Mas os ‘quase’ da vida me impedem de continuar assim. Quase conquistar o amor não mata a solidão. Quase conseguir um emprego não te torna uma pessoa necessariamente bem-sucedida. Quase passar numa prova importante só te deixa frustrado. Quase ver alguém não mata a saudade. Quase comer não mata a fome. Quase ganhar dinheiro não paga as dívidas. Quase saber não acaba as dúvidas. E isso nos convence que certas situações e vontades não estão em nossas mãos. Ou dão aquela sensação amarga de poder ter tentado mais. Mesmo que tenhamos ido ao nosso limite. Tentado feito loucos. Os ‘quase’ da vida são insuportáveis. Por causa deles, passei a viver hoping for the best, but expecting the worst. Sei que estes ‘quase’ da vida nos tornam mais fortes, mas por culpa deles eu sou apenas quase feliz."

Nada mais.
¬¬

domingo, 3 de novembro de 2013

Cenas

Dos amores passados e das cenas que até hoje marcam na memória:
  • De um lembro dele de pé, em frente ao orelhão segurando o telefone na mão, com aquela cara de quem não acreditava no que falei, mas sorrindo, feliz por ter escutado tais palavras. Enquanto eu? Falei e saí andando para não ter que lidar a situação e nem prolongar o assunto. Fugi e enquanto fugia, cruzando o terraço da piscina do colégio rumo a saída, me perguntava como tive coragem de dizer tais palavras. Eu olhava para trás de vez em quando e sorria para ele, nossos olhares cruzavam, já se queriam e nossos sorrisos confirmavam o que viria a acontecer dias depois.
  • Desse mesmo lembro do nosso primeiro beijo, não lembro mais o gosto e nem a sensação, mas lembro da cena, dos detalhes, dos sorrisos, olhares e carinhos. Lembro que naquele momento, foi um dos instantes da minha vida que me senti no lugar mais seguro do mundo. 
  • Deste ainda me lembro do dia que ele passou de surpresa em minha casa, depois de um termino que durou quase um ano, pediu que eu o acompanhasse e disse que precisava muito conversar. Me pediu perdão e mais uma chance. Lembro do local que estávamos, seu olhar e a sensação de alívio que senti no dia, depois de um ano esperando esse momento. Em vão, naquela hora eu não sabia, mas nada mais seria igual. Havíamos nos perdido.
  • Ainda dele, não lembro da nossa primeira briga e nem de muitas outras que tivemos, mas lembro daquela vez em que desci da aula depois que brigamos. Ele me esperava sentado nas arquibancadas cabisbaixo para dizer que me amava e não poderia mais viver sem mim. Também me lembro claramente de uma outra briga, que em minha memória parece ser a última que tivemos, foi a que eu tive certeza que não dava mais. Me rendeu um trauma que carreguei durante muito tempo apesar dele praticamente ter ajoelhado aos meus pés pedindo desculpas pelo que havia feito.
  • De um outro lembro que de pé na escada da faculdade tinha aquele olhar de muito perto, me olhando com ar de veneração. Lembro-me do quanto me senti incomodada e invadida.
  • Do próximo o que mais lembro e claramente foi do dia em que me senti amada ao seu lado pela primeira vez. Ele me olhava de perto sereno e silencioso para cada detalhe do meu rosto, e terminou sua análise com um beijo na testa. Aquilo me fez sentir segura ao seu lado pela primeira vez.
  • Desse ainda me lembro também da decisão do fim definitivo. Ambos ao lado um do outro, no jardim da minha casa, encostados em seu carro. Eu olhando para o nada e ele me olhando, tentava me convencer a tentar mais uma vez e eu só conseguia pensar que precisava viver algo novo. Seu sorriso e suas palavras foram em vão, nada me convenceu. Parti.
  • De mais um lembro do banho de rio que tomamos juntos. Água gelada, vento calmo, raios de sol iluminando as águas, abraços, beijos e cuidado. Desse não guardo lembranças ruins, elas não existiram.
  • De outro lembro-me do nosso primeiro encontro na rodoviária, do abraço sem jeito, dele dançando uma mistura de salsa e forró para mim no quarto do hotel e do beijo na beira da praia sob os fogos da virada de um ano. Lembro-me do quanto me entreguei e da despedida fria e sem olhares. Recordo-me chorando em frente o computador depois das palavras duras, ditas de forma direta e sem cuidado. Anos depois ainda nos reencontramos, nele havia preservado um desejo abafado e uma vontade de recomeçar algo e em mim não restava nada mais. Palavras duras marcam.
  • O próximo fora meu maior pesadelo, por quem mais chorei, por quem mais sofri, me sentia destruída e cada vez mais a cada dia. Ele me mudou. A necessidade da convivência só tornava as coisas piores. Dele me recordo de algumas conversas que tivemos e do seu ar de se achar um homem maduro, ele se achava dono da verdade. Ele não era nada maduro, era tão jovem, mas muita coisa de mim ele realmente sabia. Sei que tivemos, mas deste não me recordo de nenhuma lembrança boa ao seu lado. Seu cheiro ainda me deu calafrios e me atormentou pelas ruas da cidade durante um bom tempo...
  • Entre ele e o próximo, tive alguns casos sem muita relevância. Onde tenho lembranças de beijos na beira da praia a luz do luar, na plateia do teatro após as luzes apagarem, no meio da rua, na sacada de um restaurante de beira de rio... 
  • O próximo me rendeu sorrisos, lágrimas, dúvidas, maturidade, mágoas, comédia, risadas, choros, amor, perdão, raivas, alegrias, cenas de ciúmes... Acho que dele é de quem guardo mais lembranças. Reencontros e despedidas em aeroportos e rodoviárias de 4 estados diferentes. Vida de geólogos. Não lembro do nosso primeiro beijo e nem porque exatamente começamos a namorar. Eu queria um namorado e ele queria diversão, mas ainda assim tentou namorar. Coitado, até que se esforçou, tentou mas aquilo não era para ele naquele momento. Me traiu e por muito pouco não fora também traído, inevitável. Dele lembro de cada reencontro, de fazer café a noite enquanto ele estudava, das crises de ciúmes que eu tinha, da paciência dele quanto a isso, de colocar meu pé frio na sua barriga embaixo dos lençóis, de irmos ao supermercado juntos, dele fazendo aquela posição de quem está meditando quando eu o irritava muito, de acordar ao seu lado, das risadas que dávamos juntos, das vezes que ele me levou café da manhã na cama, dele segurando minha mão pela primeira vez no meio da rua, e totalmente sem jeito ele dizia: "Aninha, nunca fiz isso por ninguém. Não estou acostumado a isso. Sou doidão."... Ele olhava para os lados como se alguém pudesse reconhece-lo 'pagando aquele mico' de andar de mãos dadas. São tantas lembranças, mas quando penso nele o que mais me recordo é de estar sentada na cama olhando o céu da capital federal durante as madrugadas em que estávamos juntos e me perguntando o que eu ainda estava fazendo ali. Jamais teríamos futuro.
  • Mais alguns casos sem muita relevância e quase nenhuma lembrança, até chegar no carinha do olhinho apertado e sorriso desconfiado. Muito mais novo que eu. Ele também me rendeu várias lembranças, lembranças estas já diversas vezes listadas aqui mesmo neste blog. Este me amou, a gente sabe quando é amada, mas ele nunca conseguiu assumir, acho que não o fez nem para ele mesmo. As vezes parecia triste ao meu lado, pensativo demais e só vim entender o porque quando uma distância maior que 2000 quilômetros nos separava. Era o que eu desconfiava. Ele ainda era só aquela criança que morria de medo de ser abandonado. Não vou falar de lembranças ruins. Das boas as que mais guardo é dele dormindo ao meu lado, dele me olhando e colocando meu rosto em seu ombro, do seu coração batendo forte, da gente na cama fazendo carinho nos pés um do outro enquanto assistíamos a novela que ele gostava, dele me fazendo cócegas até eu rir extremamente alto, da expressão no rosto dele quando soube que eu iria embora, a feição era triste e assustada mas a sensação em mim foi reconfortante. Esperança de que tivesse coragem de lutar por mim. Fui embora sem me despedir dele, brigamos, ele não acreditou que eu realmente iria ou acreditou e fugiu, não sei, odiava despedidas, seria abandonado uma vez mais. A vida me fez voltar lá mais uma vez, algo tinha ficado inacabado e então ficou guardado em mim a minha melhor lembrança, a nossa despedida.
De tudo que aconteceu algo permaneceu, fora criado pelo primeiro citado: "Feche sua mão sempre que quiser segurar a minha, toda noite antes de dormir, feche sua mão e a minha estará lá segurando a sua.".
A cada fim, a cada dor, a cada saudade, a cada desilusão, a cada solidão, eu fechava as mãos sonhando que alguma delas estivesse lá para segurar a minha. O que mais ficou de tudo é que até hoje eu fecho as mãos involuntariamente quando me sinto muito só, mas sei e com a maior das convicções que posso ter que não busco mais as mãos de nenhum deles. Ainda não sei quem segurará minha mão para nunca mais soltar.