sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A dois dias eles conversaram a madrugada inteira.
Foram em um passado não muito distante amantes, cúmplices, apaixonados.
Ele a magoou. Ela passou um tempinho para esquecê-lo e deixou de lhe dirigir a palavra. Dois estranhos em um mesmo ambiente. Enquanto ele tentava lhe chamar atenção novamente, se perguntava a todo instante como faria para tentar se reaproximar, ela o olhava quando ele não via e sentia-se mal por ter sido tão inocente, perguntava-se se ele nunca iria lhe pedir perdão.
Já não esperava mais uma aproximação, nem o pedido de desculpas, nem a D.R. que deveria ter acontecido depois daquela briga com grosserias trocadas de ambos os lados, principalmente do dele. Sentia o olhar dele para ela de vez em quando, sequer levantava a cabeça ou olhava em sua direção quando isso acontecia.
Depois de muito tempo nesta situação acostumou-se com o cara invisível, mas que era mais visível do que nunca. O sentimento havia acabado. Quando menos esperou, recebe dele uma mensagem, o pedido de desculpas e uma explicação do quanto se sentia mal por vê-la e sequer poder lhe dar um oi, uma explicação do quanto tentou lhe dizer tudo aquilo pessoalmente mas não encontrou espaço. Ela releu a mensagem várias vezes até acreditar que lia tal palavras. Conversaram. Ele lhe disse o quando ainda gostava dela e deixou claro que faria de tudo que pudesse para reconquistá-la.
Conversavam noites inteiras sem interrupções, perdiam a hora juntos. Amanhecia.
Ele era um sonho, lembrou do quanto a fez feliz nos momentos em que estavam juntos. Mas por pequenas razões eles se estranhavam, ele a estranhava e brigavam pelos motivos mais bobos que poderiam existir. Ela pedir para ele não mais desmarcar um encontro depois dela arrumada, foi motivo para um discussão, ele fez uma confusão a chamando de incompreensiva e tentando fazer ela se sentir mal. Ela não engoliu essa. Primeiro sinal de alerta. Homem que ao invés de pedir desculpas ainda se faz de vítima era o que ela menos queria no momento. Ela conhecia bem o que esse tipo costumava fazer com mulheres trouxas.
Ele parecia querer uma mulher perfeita, que lhe servisse e fizesse todas as suas vontades e ela não era. Ele perecia não aceitar ser contrariado. Ela não era nada perfeita, nunca foi santinha, bebia, se divertia da maneira que bem entendesse, não aceitava servir ninguém e muito menos ver o cara usando seu sentimento para tentar lhe moldar. Já tinha passado por isso no passado. Era um trauma carregado de um relacionamento difícil. Jurou que nunca mais passaria por isso.
Naquele dia em que tudo acontece, combinaram de se encontrar mais cedo na academia para ficarem mais um pouco juntos. Horas depois ele terminou lhe dizendo que ela não lhe servia por sentir ciúmes de uma amiga dele.
Ele não apareceu e depois ela o encontrou conversando carinhosamente com uma garota que ela nem fazia quem ideia de quem fosse. Reclamou. Nem escândalo fez, não era coisa dela. Esperou chegarem em casa e apenas reclamou da atitude dele.
-Você não tem o direito de sentir ciúmes dela. Rafaela é minha melhor amiga.
-Tenho sim, você pede para eu chegar mais cedo, fico te esperando lá e você não aparece, quando vejo está conversando com uma garota que eu não sei nem quem é.
-É minha melhor amiga. Repetiu isso uma vez mais e já irritado.
-Pois me diga quem ela é, eu tenho direito pois não sabia quem era aquela garota. Nunca sequer você falou dela.
-Você não é bem o pensei que fosse. Deixei de te amar agora por causa desse ciúmes bobo. Está terminado.
Ela ficou passada com a declaração. Percebeu que não era mentira. Tentou conversar com ele, convencê-lo que ela sentir ciúmes não era motivo para sentimentos acabarem. Não cedeu na sua opinião, o ciúmes não foi a toa, mas tentou reatar o relacionamento. Gostava dele. Em vão.
-Acabou, meu amor acabou. Não te amo mais. Não tem o direito de sentir ciúmes de mim.
Tudo bem, se é assim que ele queria. O motivo tinha sido extremamente banal para um amor acabar. Que amor é esse?  Como assim deixar de amar por uma única cena de ciúmes? Se perguntava. Depois disso ainda tiveram mais uma discussão banal, o que levou ela a deixar de falar com ele. Criou-se a mágoa, a raiva, a distancia, a tentativa de esquecer. E esqueceu.
Então veio o pedido de desculpas pelo que havia feito e por todas as grosserias trocadas, veio a declaração que não havia conseguido esquecê-la, veio a declaração que faria de tudo para reconquistá-la.
Ela restaurou a amizade. Ele realmente gosta dela de verdade. Estava dando seu máximo. Ontem os dois conversaram quase a madrugada inteira, chegaram a discutir novamente algo banal. Ela relembrou de tudo. Enquanto ele tenta reaver o namoro, ela pensa a todo instante que não vale a pena correr o risco de tentar se entregar novamente e quebrar a cara mais uma vez. Não quer encarar a corda bamba.

Não posso ficar com um cara que por qualquer motivo banal poderá me dispensar uma vez mais.
Precisava principalmente de segurança. Havia perdido completamente. 

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